O que Brasil e EUA ganham e perdem com o tarifaço de Trump

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Sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras entra em vigor em 6 de agosto; governo Lula prepara plano para reduzir impactos

©REPRODUÇÃO

A partir da próxima quarta-feira (6), entra em vigor o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que impõe alíquotas unilaterais de até 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos.

A medida é vista pelo governo brasileiro como uma ação política, em meio ao cerco judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticado publicamente por Trump.

A ordem executiva, assinada em 31 de julho, soma uma tarifa de 10%, já em vigor desde abril, a um adicional de 40%, aprovado neste mês.

Apesar disso, cerca de 700 produtos — como suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro — ficaram de fora da sobretaxa extra, sendo afetados apenas pela alíquota de 10%.

Impactos para o Brasil

Segundo especialistas, o Brasil sofrerá efeitos imediatos, mas também poderá extrair oportunidades da crise.

Pontos negativos:

  • Redução na receita de exportações, com impacto na produção e no nível de emprego;
  • Desestímulo a investimentos, principalmente em tecnologia, pela queda no fluxo de capital estrangeiro;
  • Interrupções nas cadeias produtivas, com reflexos sobre a indústria e a geração de empregos.

Possíveis ganhos:

  • Valorização do mercado interno, com queda de preços para produtos sem escoamento externo;
  • Estímulo à inovação e à competitividade;
  • Oportunidade de ampliar e diversificar parcerias comerciais.

Para o economista Leonardo Costa (ASA), a isenção de segmentos estratégicos — como petróleo, celulose e aviação — mitiga parte dos prejuízos e dá tempo para novas negociações.

Já o professor Francisco Américo Cassano aponta que os benefícios dependem de médio a longo prazo, exigindo novas alianças internacionais e investimentos internos.

Impactos para os EUA

Pontos positivos:

  • Proteção da indústria nacional e estímulo à geração de empregos;
  • Redução do déficit comercial;
  • Aumento do poder de barganha em negociações internacionais.

Pontos negativos:

  • Pressão inflacionária pela alta no custo de produtos importados;
  • Risco de retaliações comerciais;
  • Encarecimento de insumos estratégicos, prejudicando setores industriais em expansão.

Para Costa, o tarifaço também tem forte viés eleitoral interno, reforçando a imagem protecionista de Trump, mas com custos econômicos relevantes.

Efeitos no comércio global

Especialistas alertam que a medida pode ser mais prejudicial do que benéfica para o comércio bilateral e para o mercado global, reforçando a necessidade de o Brasil diversificar destinos e reduzir dependência de mercados sujeitos a choques unilaterais.

Reação do governo Lula

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica finaliza um plano de contingência para minimizar os impactos sobre a indústria, a agricultura e o emprego.

Ele garantiu que as medidas serão adotadas dentro do marco fiscal e descartou, por ora, retaliações comerciais.

A expectativa é que, nesta semana, as primeiras ações sejam apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Jornal do Estado MS


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