Metade da população de SP já utiliza aplicativos para compras, mostra pesquisa do Seade

Metade da população de SP já utiliza aplicativos para compras, mostra pesquisa do Seade

O avanço das tecnologias digitais e o acesso ampliado à internet vêm transformando os hábitos de consumo em São Paulo. A nova edição do levantamento Seade SP TIC revela que, em 2025, metade da população do estado utiliza aplicativos para compras ou contratação de serviços on-line. O dado, estável desde 2023, confirma a consolidação dessa modalidade de consumo que alia conveniência, mobilidade e acesso a uma variedade de produtos e serviços de forma instantânea. A pesquisa foi realizada com uso de URA (Unidade de Resposta Audível), método remoto que possibilita agilidade na coleta e ampla cobertura.

O estudo mostra que a adesão ao consumo digital é maior na capital (53%), mas também expressiva no interior (47%). O perfil do consumidor por aplicativo também chama atenção: são, majoritariamente, pessoas nas faixas etárias mais jovens, com ensino superior e renda familiar acima de dez salários mínimos. Já a prática é menos habitual entre pessoas com ensino fundamental, rendimentos inferiores e de 60 anos ou mais.

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“A diferença no consumo entre capital e interior pode ser explicada pela dinâmica desse modelo de negócio, que requer mercado consumidor mais amplo e concentrado geograficamente, o que é requisito para a viabilidade econômica das plataformas de aplicativos”, conforme análise da Fundação Seade. Além disso, “as compras por aplicativos se tornam uma opção pela conveniência de realizar transações em qualquer horário e lugar, facilidade de usar smartphones, além de promoções exclusivas, bonificação por fidelidade e a variedade de produtos e serviços disponíveis”.

Outro aspecto relevante é a predominância do celular como dispositivo de compra. O aparelho é usado por oito em cada dez adeptos do consumo por aplicativo. Quanto às formas de pagamento, o cartão de crédito ainda lidera, no entanto o Pix vem ganhando tração, principalmente entre consumidores com menor escolaridade e renda familiar de até um salário mínimo. No triênio 2023-2025, o pagamento por Pix saltou de 19% para 27% entre os consumidores por aplicativo.

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Consumo por faixa etária e renda

O consumo por meio de aplicativos é maior nas faixas etárias mais jovens, de 18 a 29 anos (65%) e 30 a 44 anos (61%), declinando na faixa etária de 60 anos e mais (22%). Acrescente-se que essa modalidade de compras é mais utilizada por consumidores com ensino superior (64%) e renda familiar acima de dez salários mínimos (71%), segmentos estes mais afeitos ao consumo pela internet e de maior poder aquisitivo. Esse hábito diminui entre pessoas com até o ensino médio (48%), contudo seu maior declínio se dá entre os consumidores com somente ensino fundamental, apenas 14% utilizam aplicativos para consumo. Fenômeno similar pode ser observado entre aqueles cujas famílias auferem até um salário mínimo (22%), bastante inferior à média do estado. Essas diferenças refletem as desigualdades que se identificam tanto no acesso como na utilização das tecnologias de informação, evidenciando limites para ampliação da inclusão digital e seus benefícios.

Regiões com maior adesão

Em termos das regiões, as maiores proporções de adesão às compras por aplicativos foram registradas na região metropolitana de São Paulo (54%), Vale do Paraíba e litoral norte (53%) e Baixada Santista (52%). Em sentido oposto, as regiões de Piracicaba (45%), Sorocaba (47%) e Jundiaí (48%) foram menos aderentes a esse tipo de compra.

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Esse recorte regional apresenta proporções variadas que podem derivar do porte populacional dos municípios que compõem as regiões metropolitanas, uma vez que residentes de municípios maiores tendem a contar com maior oferta de produtos e serviços por aplicativos e a concentração populacional favorece esse modelo de negócios.

Regularidade no uso

Quanto à habitualidade no uso de aplicativos no e-commerce, 28% dos consumidores afirmam ter realizado aquisições diariamente, em 2025, enquanto 38% o fazem pelo menos uma vez por semana, 21% ao menos uma vez ao mês e apenas 13% declaram realizar esse tipo de compra esporadicamente. Esses dados indicam que os consumidores das compras por aplicativo o fazem com bastante regularidade, situação verificada também em 2023 e 2024, indicando a consolidação dessa modalidade de transação.

A faixa etária de consumidores que mais frequentemente utiliza aplicativos para aquisições é a referente aos mais jovens, entre 18 a 29 anos: 74% deles informam o uso de aplicativos diariamente/uma vez por semana.

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A frequência diária/semanal de compras declina conforme aumenta a idade, mas segue relevante: no grupo acima de 60 anos, 51% dos consumidores por aplicativos realizam compras nessa periodicidade. Em situação oposta, consumidores com maior escolaridade e situados em famílias mais ricas apresentam maior adesão a essa periodicidade: 70% daqueles com ensino superior e 81% dos componentes de famílias com rendimento superior a dez salários mínimos compraram diariamente ou semanalmente. Já os indivíduos com até ensino fundamental e cujas famílias auferem apenas um salário mínimo consomem com menor frequência (44% e 51% respectivamente).

Produtos comprados

Indagados sobre o produto adquirido na última compra efetuada por aplicativos no último mês, 37% desses consumidores indicaram comida (refeições e lanches), enquanto 13% contrataram serviços de transporte. As compras de alimentação por aplicativos parecem ser mais populares pois oferecem diversidade, praticidade e rapidez, estabelecimentos de distintas especialidades culinárias e possibilidade de entrega em domicílio. Além disso, esses aplicativos costumam ter promoções, descontos e opções variadas, o que torna a experiência ainda mais atrativa.

Quando analisados os dados por atributos pessoais, observam-se maiores concentrações de compras de comida como última aquisição nas faixas etárias mais jovens (54% de 18 a 29 anos), com ensino superior (41%) e componentes de famílias mais ricas (45%). Já os consumidores com 60 anos e mais não compram comida com a mesma habitualidade: 23% apontaram alimento como produto de sua última compra. Contudo, no que diz respeito às compras de outros itens, que podem incluir medicamentos, roupas e acessórios, cosméticos ou entretenimento, o índice nessa faixa etária atinge 56%.

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Também é interessante observar que 69% dos consumidores com ensino fundamental e 54% entre aqueles cujas famílias auferem rendimentos de até um salário mínimo concentram sua última compra em outros produtos, o que pode estar ainda associada à crescente oferta de aplicativos de marketplaces, que vendem artigos populares e de preços mais acessíveis.

Serviços

A pesquisa indagou ainda aos consumidores sobre duas modalidades de transação por aplicativos: compra de serviços de limpeza ou manutenção da casa e contratação de cuidados de pessoas. No conjunto do estado de SP, apenas 7% dos residentes contrataram por aplicativo serviços de limpeza e manutenção doméstica, enquanto a contratação do cuidado de pessoas registrou patamar ainda inferior, 3%.

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Formas de pagamento

A maioria daqueles que utilizaram aplicativo para comprar ou para solicitar serviço recorreu ao cartão de crédito (62%) como forma de pagamento, modalidade preponderante no triênio. No entanto, destaca-se a crescente adesão ao Pix que registrou elevação de oito p.p. entre 2023 e 2025 – crescimento de 19% para 27% dos pagamentos nesse período. Esse comportamento é corroborado por dados do Banco Central do Brasil, ao apontar, em 2024, que o Pix foi o instrumento de pagamento que mais cresceu em termos de quantidade de transações no país – o aumento foi de 52%.5 Com isso, essa modalidade respondeu por 47% do total de transações de pagamentos realizados no Brasil (excluídas as em espécie) no último trimestre de 2024.

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A parcela daqueles que usam cartão de crédito como forma de pagamento cresce conforme aumenta a renda, chegando a 79% entre os mais ricos, enquanto representa 41% entre aqueles cuja renda familiar é de até um salário mínimo. Uma vez que recorrem menos ao cartão de crédito, os segmentos com menor rendimento utilizam outras formas de pagamento, como o Pix (36%).

Tendência similar é registrada quanto à escolaridade, uma vez que o Pix foi usado como pagamento por 46% dos consumidores com até ensino fundamental – tornando-se a modalidade preponderante entre os menos escolarizados; enquanto o cartão de crédito segue como principal meio de pagamento entre aqueles que cursaram ensino superior (66%). O uso do Pix para compras por aplicativos atinge ainda o patamar de 38% entre os mais jovens, maior proporção entre os recortes etários observados. Pode-se inferir que o Pix tem se popularizado como instrumento de pagamento entre os menos escolarizados, membros de famílias mais pobres e jovens. A opção por pagamentos em outras modalidades (boleto bancário, etc.) situa-se em patamar próximo de 20% ou mais entre idosos, menos escolarizados e mais pobres.

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