Exposição no Palácio Boa Vista celebra história da fotografia e a comunidade local
A partir deste sábado (14), está aberta, no Palácio Boa Vista, a exposição “Stefania Bril em Campos do Jordão: fotografia e pertencimento”. A mostra é uma parceria do Instituto Moreira Salles com o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, departamento museológico da Secretaria da Casa Civil do Estado de São Paulo.
A exposição da fotógrafa polonesa traz diversos retratos de jordanenses e cenas do cotidiano da Campos do Jordão, cidade onde Stefania Bril iniciou sua trajetória com a fotografia nos anos 70, a partir de fotos das flores de seu apartamento no município. A mostra tem curadoria de Ileana Pradilla Ceron e Miguel Del Castillo.

“Para Stefania Bril, Campos do Jordão não era apenas um belo lugar de descanso e lazer. Embora tenha realizado fotografias de paisagens locais no começo, ela percebeu essa cidade na década de 1970 como um espaço ainda regido por relações comunitárias, de afeto e de respeito pelos seres humanos, independente de qualquer hierarquia social – e registrou isso”, ressalta Ileana Pradilla Ceron.
Para marcar e celebrar este movimento da fotografia jordanense, a exposição é composta por dois núcleos: o primeiro dedicado aos retratos de pessoas que inspiraram Stefania Bril em seu período na cidade; o segundo espaço conta com fotografias de paisagens e locais marcantes na trajetória da fotógrafa.
“Na sala dedicada, reunimos retratos dos habitantes de Campos do Jordão, que nos encaram com firmeza e dignidade. A exposição segue pelos corredores, onde a vida na cidade continua se desdobrando em imagens que criam diálogos com pinturas do acervo do Palácio; embora também haja retratos ali, eles aparecem inseridos em contextos específicos – o parquinho, o Horto Florestal, o Mercado Municipal –, ampliando a sensação de familiaridade e presença”, diz Miguel Del Castillo, um dos curadores da mostra.
Esta é a segunda exposição dedicada à fotógrafa realizada nos últimos 30 anos, seguindo a mostra mais ampla realizada pelo Instituto Moreira Salles em 2024, no IMS Paulista, intitulada Stefania Bril: desobediência pelo afeto.

Marcelo Mattos Araujo, diretor geral do Instituto Moreira Salles, destaca a importância da colaboração entre as instituições. “É uma grande satisfação para o IMS apresentar a obra de Stefania Bril no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, por meio dessa parceria com o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. É fundamental podermos rever a obra desse grande nome da fotografia brasileira na cidade que tanto a inspirou, incentivando o público de Campos do Jordão a se aproximar da produção e do legado de Stefania, a partir da difusão do seu arquivo.”
“Ficamos muito felizes em reconectar Stefania com a população de Campos do Jordão. Sua atuação na cidade e na história da fotografia no Brasil é importantíssima e merece esse espaço de divulgação e valorização. A exposição também amplia os laços dos jordanenses com o Palácio através da força dos retratos e das imagens de Stefania”, declara Rachel Vallego, Curadora do Acervo dos Palácios.

Em 1975, Stefania realiza a doação de uma de suas obras ao Palácio Boa Vista, demonstrando sua estreita relação com Campos do Jordão e com o palácio-museu, que já era um importante equipamento cultural da região da Serra da Mantiqueira, aberto ao público desde os anos 1970. A foto doada, “A arte sai à rua”, integra a atual exposição, relembrando esse marcante momento da história dos palácios governamentais. A mostra fica em cartaz até outubro e a visitação é gratuita.

Trajetória da fotógrafa
Stefania Bril nasceu em Gdansk, na atual Polônia, e viveu a infância e adolescência em Varsóvia. Ao lado de seus pais, sobreviveu ao Holocausto, adotando uma identidade falsa e contando com a ajuda de organizações da resistência. Ao término da guerra, já casada, mudou-se para a Bélgica, onde se graduou em química. Em 1950, Stefania e o marido migraram para o Brasil. Residindo em São Paulo, trabalhou com pesquisas nas áreas de bioquímica e química nuclear. Sua atuação na fotografia começou relativamente tarde, aos 47 anos, numa descoberta que se inicia com as fotos das flores de seu apartamento na cidade de Campos do Jordão. É nessa cidade que sua relação com a fotografia se estreita e intensifica.

Foi também em Campos do Jordão que Stefania organizou o primeiro festival de fotografia a ocorrer no Brasil, os Encontros Fotográficos, em 1978 e 1979, inspirados nos Rencontres d’Arles – apostando na cidade como local de formação e difusão da cultura fotográfica no país.
Coleção do Instituto Moreira Salles
O Instituto Moreira Salles é o detentor do arquivo de Stefania Bril, que inclui sua obra fotográfica, sua produção como crítica e sua biblioteca. A coleção foi adquirida pelo IMS em duas etapas: a primeira em 2001 e a segunda em 2012. O arquivo possui aproximadamente 15.000 imagens, entre ampliações de época, negativos e cromos, além de farta documentação textual.

Serviço
Stefania Bril em Campos do Jordão: fotografia e pertencimento
De 14/06/2025 até 19/10/2025
Horários de visitação espontânea e grupos sem agendamento
Quarta-feira, sexta-feira, sábado e domingo, das 10h às 12h e das 14h às 17h, com permanência até as 17h30.
Não é necessário fazer agendamento.
Os visitantes são atendidos em grupos de até 20 integrantes. O atendimento é por ordem de chegada, mediante distribuição de senhas.
Recomenda-se a chegada nos horários de abertura do portão (10h e 14h), principalmente nos meses de alta temporada.
Horários de visitação para grupos com agendamento
Quinta-feira apenas para grupos de 20 a 40 pessoas, mediante agendamento prévio pelo e-mail [email protected], das 10h às 17h, com permanência até as 17h30.
Mais informações www.acervo.sp.gov.br
Palácio Boa Vista
Avenida Adhemar de Barros, 3.001
Alto da Boa Vista – Campos do Jordão/SP
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