As fotos de Bolsonaro que Moraes usou para justificar prisão de ex-presidente

Fotos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de apoiadores compartilhadas em redes sociais foram reproduzidas na decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente.

As imagens aparecem no despacho do Supremo Tribunal Federal (STF), usado por Moraes para contextualizar o que considerou como descumprimento de medidas cautelares impostas em julho.

Na decisão assinada na segunda-feira (5/8), o magistrado afirma que Bolsonaro violou as restrições definidas em 17 de julho, quando foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica e ficou proibido de utilizar redes sociais, direta ou indiretamente.

De acordo com Moraes, o ex-presidente seguiu se comunicando com o público por meio de aliados e familiares.

O ministro destacou a divulgação de vídeos e áudios feitos por Bolsonaro, durante os atos realizados no domingo (4/8), publicados nas redes por seus filhos e apoiadores. Para Moraes, o conteúdo reforça uma tentativa de obstruir a Justiça e pressionar o STF.

1. Discurso postado em rede social

Print de vídeo publicado por Eduardo Bolsonaro mostra o ex-presidente usando tornozeleira eletrônica. A imagem foi incluída na decisão de Moraes como parte do contexto para sustentar que Jair Bolsonaro seguiu produzindo e difundindo mensagens políticas, mesmo após a imposição de medidas cautelares

Crédito, Reprodução STF – Legenda da foto, Print de vídeo publicado por Eduardo Bolsonaro mostra o ex-presidente usando tornozeleira eletrônica. A imagem foi incluída na decisão de Moraes como parte do contexto para sustentar que Jair Bolsonaro seguiu produzindo e difundindo mensagens políticas, mesmo após a imposição de medidas cautelares.

A primeira imagem destacada na decisão é um frame de vídeo divulgado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. No registro, Jair Bolsonaro aparece com a tornozeleira eletrônica no tornozelo, em uma cena gravada após a determinação judicial de 17 de julho.

De acordo com a decisão, que afirma que “a Justiça é cega, mas não é tola”, esse tipo de publicação exemplifica o uso coordenado de redes sociais por aliados e familiares para manter ativa a comunicação do ex-presidente com seus apoiadores — o que, segundo o ministro, configura burla à proibição do uso das redes, mesmo que de forma indireta.

“Será considerado burla (…) a replicação de conteúdo (…) por meio de ‘milícias digitais’, ou mesmo apoiadores políticos, ou ainda, por outros investigados, em patente coordenação”, escreveu Moraes.

O magistrado comparou esse tipo de manobra à abertura de novas contas bancárias para contornar bloqueios judiciais — algo que também pode justificar prisão preventiva.

2. Participação por telefone

captura de tela do perfil oficial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. A publicação mostra o momento em que Jair Bolsonaro se dirige, por telefone, aos manifestantes que participaram de atos em seu apoio.

Crédito, Reprodução STF – Legenda da foto, Captura de tela do perfil oficial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. A publicação mostra o momento em que Jair Bolsonaro se dirige, por telefone, aos manifestantes que participaram de atos em seu apoio

A segunda imagem traz trechos de matérias jornalísticas com o título “Bolsonaro participa por telefone de manifestação”, além de uma captura de tela do perfil oficial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. A publicação mostra o momento em que Jair Bolsonaro se dirige, por telefone, aos manifestantes que participaram de atos em seu apoio.

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, a ampla divulgação dessas falas, por meio de redes sociais e veículos de imprensa, reforça o descumprimento das medidas cautelares. Ainda que o ex-presidente não tenha publicado diretamente os conteúdos, a decisão argumenta que a articulação com aliados e familiares tem o objetivo de manter o alcance de suas mensagens, em desrespeito às restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal.

3. Apoio às sanções?

Postagem de Flavio Bolsonaro na qual agradece, em inglês, aos Estados Unidos

Crédito, Reprodução STF

A decisão de Alexandre de Moraes também destaca uma publicação feita por Flávio Bolsonaro, no Instagram, com uma mensagem de agradecimento aos Estados Unidos.

Segundo o ministro, a legenda configura uma “clara manifestação de apoio às sanções econômicas impostas à população brasileira”.

4. Divulgação do perfil de Jair Bolsonaro

Captura de tela do perfil de Carlos Bolsonaro, que publicou imagem do pai acompanhada do pedido “sigam @jairbolsonaro”

Crédito, Reprodução STF – Legenda da foto, Captura de tela do perfil de Carlos Bolsonaro, que publicou imagem do pai acompanhada do pedido “sigam @jairbolsonaro”

A quarta imagem anexada à decisão judicial mostra uma publicação feita por Carlos Bolsonaro, no dia 3 de agosto, na rede social X (antigo Twitter). Na postagem, o vereador do Rio de Janeiro compartilhou uma foto do pai e escreveu: “sigam @jairbolsonaro”.

Segundo Moraes, a mensagem demonstra a continuidade das tentativas de driblar as restrições judiciais ao uso de redes sociais.

O ministro afirmou que Carlos tinha pleno conhecimento das medidas impostas ao ex-presidente e, ainda assim, atuou para manter sua presença digital ativa por meio de terceiros.

5. ‘Ataques ao STF’

Print de publicações de Eduardo Bolsonaro em manifestação no domingo (4/8), com referência indireta aos ministros do Supremo. A frase foi citada por Moraes na decisão

Crédito, Reprodução STF – Legenda da foto, Print de publicações de Eduardo Bolsonaro em manifestação no domingo (4/8), com o que foi interpretado como referência aos ministros do Supremo. A frase foi citada por Moraes na decisão

A última imagem incluída na decisão traz um trecho da cobertura da revista Veja sobre os atos de apoio a Jair Bolsonaro.

A matéria reproduz uma fala de Eduardo Bolsonaro durante o evento (também registrada por ele em vídeo) em que afirma: “Em breve, nem Paris haverá mais para eles”.

Moraes cita a reportagem para argumentar que a frase seria em referência aos integrantes do STF.

Na avaliação de Moraes, a declaração se soma a outras manifestações públicas de familiares e aliados do ex-presidente, que indicariam a continuidade de um discurso de enfrentamento às instituições, mesmo após a imposição das medidas cautelares.

O ministro entende que essas ações representam tentativas de coação e pressão sobre o STF — ainda que feitas por terceiros —, o que reforça, segundo ele, a justificativa para decretar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.

Fonte: bbc https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgjyl4x062jo


O ex presidente Jair Bolsonaro PL 09062025 Ton MolinaSTF

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