*Laila Martins, CEO do Saber em Rede
Nem todo mundo sonha em ser empreendedor. Mas, muitas vezes, é a única alternativa possível diante da falta de emprego, de renda e de caminhos viáveis.
Cresci ouvindo histórias assim: gente que começou a vender doces por necessidade, abriu um salão no quintal ou virou MEI para manter a família.
O que pouca gente enxerga é o quanto a educação (de verdade, aquela que transforma) pode ser a diferença entre um esforço de sobrevivência e um projeto de vida.
Aprender é mais do que absorver conteúdo. É sobre desenvolver a coragem de tentar. Em regiões com pouco acesso a recursos, estudar pode significar entender como administrar um negócio, criar algo do zero, descobrir que há outras formas de viver.
A educação empreendedora, quando bem aplicada, ensina a pensar criticamente, resolver problemas com criatividade e se adaptar – habilidades essenciais para quem quer ter uma empresa com estratégia, não apenas com urgência.
Infelizmente, nosso sistema educacional ainda prepara alunos para obedecer regras, não para quebrá-las de forma criativa.
O modelo atual valoriza memorização, tarefas mecânicas e notas. Pouco se fala de liderança, finanças e inovação.
E se, desde cedo, os alunos pudessem aprender a propor soluções, errar, testar, gerenciar pequenas ideias? Provavelmente teríamos menos medo de começar e mais consciência de como crescer.
Existe, sim, uma diferença entre se preparar para o mercado tradicional e se preparar para empreender. No primeiro, você aprende a se encaixar.
No segundo, a construir. Mas uma formação não exclui a outra. Na realidade, quem une as duas tem mais chance de se destacar, seja como dono do próprio negócio, seja como colaborador criativo dentro de uma organização.
Quando a educação vira renda
Empreender por necessidade pode ser um caminho duro, solitário e cheio de riscos. É o que acontece em mais de 40% dos casos no Brasil, segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2024.
O relatório revela que, embora o país tenha um dos maiores índices de atividade empreendedora do mundo, com 43% da população adulta envolvida em algum tipo de negócio, uma parcela significativa começa por falta de alternativas de renda.
Muitos desses empreendedores enfrentam o desafio adicional de ter pouca escolaridade e quase nenhuma formação em gestão, o que compromete a continuidade e o crescimento.
Mas com educação, esse percurso ganha planejamento, propósito e perspectiva. A pessoa aprende a pesquisar o mercado, validar uma ideia, gerir recursos, criar valor.
Aprende, principalmente, a se conectar com outros que podem orientar, apoiar e investir. E é nesse ponto que surgem as redes de apoio — o antídoto contra o isolamento de quem toca o barco sozinho.
No fim das contas, é mais do que romantizar o empreendedorismo, é também oferecer condições reais para que ele seja sustentável.
A ponte entre estudo e ação existe. O que falta, muitas vezes, é visibilidade. E iniciativas como essa mostram, na prática, que é possível construir essa travessia, até quando o ponto de partida é cheio de obstáculos. Porque à medida que o conhecimento encontra a oportunidade, tudo muda.
Sobre Laila Martins
*Em 2017, com apenas 24 anos, Laila Martins fundou a edtech Saber em Rede, exercendo o cargo de CEO desde então. E, em apenas cinco anos, levou a empresa do zero ao valuation de 50 milhões de reais.
Movida pela inovação no alcance de novos alunos e valorização da comunidade acadêmica, Laila fundou a startup com o propósito de disseminar a educação e possibilitar que pessoas empreendessem neste processo.
Ativa no ecossistema de inovação e empreendedorismo, a executiva atua desde 2020 como mentora nos programas de aceleração da Associação Brasileira de Startups, SEBRAE e Inovativa.
Em 2023, Laila ainda se juntou a outros empreendedores para fundar uma Venture Builder, a X5 Ventures, para fomentar o ecossistema de inovação e investimento no país.
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