Qualidade e tradição: avanço da cachaça paulista impulsiona produção e comércio da bebida
Uma das bebidas de maior tradição e destaque no país, a cachaça tem ganhado cada vez mais notoriedade em São Paulo. Segundo o Anuário da Cachaça 2025, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o estado possui aproximadamente 180 propriedades produtoras de cachaça, aumento de 5,9% em relação ao ano anterior.
Esse destaque se deve à presença de grandes e pequenos produtores, o que impulsiona não apenas a quantidade, mas também a qualidade da cachaça paulista, como explica a coordenadora do Grupo de Estudos da Cadeia da Cachaça de Alambique (GECCA) e pesquisadora da Apta Regional de Bauru, Elisângela Jerônimo. “São Paulo possui grandes destilarias que produzem, em média, meio milhão de litros de cachaça por dia, além de alambiques de menor escala, numa produção artesanal que varia de 5 mil litros até 100 mil litros por ano, por exemplo.”
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A cachaça vem ganhando espaço em um cenário de consumidores cada vez mais exigentes, atentos à procedência e ao modo como a bebida é elaborada. O interesse atual não se restringe ao sabor, mas envolve também a vivência cultural que cada garrafa representa, revelando memórias, técnicas artesanais e tradição. Esse novo olhar coloca a cachaça em posição de destaque, ultrapassando a ideia de um consumo ocasional para se firmar como patrimônio que merece reconhecimento e mercado mais amplo, afirma a pesquisadora.
Cachaça de qualidade
Com o aumento do interesse e a mudança do perfil do consumidor, os produtores estão investindo cada vez mais em qualidade. Diante disso, alguns fatores são essenciais para o reconhecimento de uma boa bebida, que atenda às necessidades atuais do setor. Além de verificar a procedência da cachaça por meio dos registros necessários, nossos sentidos podem ajudar com o “controle de qualidade”.
“Analisamos a tonalidade da cachaça, se é uma cachaça limpa, buscamos esse atributo visual da bebida. Em seguida, sentimos o aroma, que deve ter notas agradáveis, sem agressividade. Por fim, a degustação na boca: a cachaça desce suave, aquece como se fosse um abraço, não arranha a garganta. E o mais importante: deixa uma sensação boa, duradoura”, explicou Elisângela.
A produtora e atual presidente da Câmara Setorial da Cachaça, Laura Vicentini, explicou o processo de produção e como elevou o nível do seu produto, destacando seu cultivo orgânico da bebida. “Em 2020, quando começamos a produção da cachaça, desejávamos utilizar um resíduo nobre, mas também queríamos que o produto tivesse elevada qualidade. Com a concepção da cachaça sustentável, unimos a circularidade dos materiais, a brasilidade do produto e o cuidado na produção, garantindo uma bebida de alto padrão”, disse.
Sustentabilidade e pesquisa
A necessidade de práticas sustentáveis também passa pela cadeia da cachaça e agrega valor ao produto. Laura apostou na fabricação de cachaça sustentável, o que destacou os múltiplos benefícios comerciais que esse investimento gerou para sua produção, que agora alcança mercados tanto no Brasil quanto no exterior.
“Em 2020, quando começamos a produção da cachaça, desejávamos utilizar um resíduo nobre, mas também queríamos que o produto tivesse elevada qualidade. Com a concepção da cachaça sustentável, unimos a circularidade dos materiais, a brasilidade do produto e o cuidado na produção, garantindo uma bebida de alto padrão. Com isso, obtivemos outras certificações e selos que nos abriram oportunidade de mostrar nosso produto em feiras orgânicas e de produtos sustentáveis fora do Brasil. A alta qualidade da bebida nos deu a oportunidade de vender em mercados premium, como Europa e América do Norte, entre 2021 e 2024”, explicou.
A valorização da cachaça em São Paulo também está ligada ao investimento em pesquisa, que garante modernização e competitividade ao setor. Nesse cenário, o Grupo de Estudos da Cadeia da Cachaça de Alambique (GECCA), vinculado à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), tem se consolidado ao longo de quase duas décadas de atuação. O trabalho envolve desde estudos sobre fermentação e destilação até análises de qualidade química, sempre aliado à transferência de conhecimento para os produtores. Essa integração entre ciência e prática fortalece a bebida como símbolo cultural, ao mesmo tempo em que promove inovação e crescimento sustentável da cadeia produtiva.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento promove duas iniciativas voltadas à valorização da cachaça paulista: o projeto Rota da Cachaça Paulista e o II Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça – Edição 2025. O concurso, em sua segunda edição, busca reconhecer e premiar as melhores bebidas produzidas no estado, estimulando a competitividade e fortalecendo o setor. Já a Rota da Cachaça é um projeto intersecretarial que pretende ampliar o turismo rural em torno da cadeia produtiva.
As inscrições para integrar a Rota e para participar do concurso de qualidade já foram encerradas.
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